Meu nome é Vicente Paulo Barbosa, tenho 47 anos de idade, sou Assistente Social e técnico em recuperação para dependentes químicos e alcoolicos e seus co-dependentes (familiares).

Sou casado com Patrícia Grechi dos Santos Barbosa há 25 anos e temos três filhos, Bruna, Felipe e Giovana.

Tudo começou em 31 de agosto de 1970, o Brasil acabara de ganhar a copa da 70 e eu dava meus primeiros berros no colo de minha mãe, na Santa Casa de Campos do Jordão SP, minha cidade natal que amo tanto. Em meio à uma infância maravilhosa, o décimo primeiro filho de doze dos filhos de Sr. Juvenal e D. Maria, não tinha razão nenhuma para entrar no mundo das drogas, a não ser um pouco de timidez. Lembro-me de tantos detalhes de minha infância e de tantos cuidados de minha família, sempre unida!

Meu maior propósito hoje em dia, com meu trabalho, é o empoderamento da informação a todos que precisarem, de alguma forma, saber como agir com esse assunto tão importante e necessário, que é a recuperação de vidas. Recuperação das vidas dos que mais amamos e, consequentemente, a nossa própria.

Predisposição para o uso de álcool e outras drogas.

Começo meu informativo, dizendo que existem vários tipos de predisposições. No nosso caso pode estar mais ligado a predisposição genética que refere-se às características genéticas capazes de incidir num fenótipo. Isto significa que um ser humano pode ter uma certa predisposição genética a sofrer de uma patologia: esta pessoa, por conseguinte, conta com maiores probabilidades do que as restantes pessoas a contrair a doença em questão. Ou seja, existem crianças nascendo neste momento e não sabem se tem ou não a predisposição para o uso de entorpecentes, pois só descobrirão ao usarem a primeira dose e o organismo responderá com aprovação aos sintomas e reações do uso de álcool e outras drogas.

Com essa informação, hoje vejo exatamente o ocorrido naquela fatídica tarde de domingo, quando experimentei pela primeira vez a ingestão do álcool no meu organismo e me tornei um adicto.

Adicção = Escravidão

Considera-se adicto, o dependente que já passou pela fase de experimentação, falso controle e abuso de quaisquer entorpecentes e hoje vive uma inversão de valores em sua vida priorizando a insanidade.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. – Albert Einstein

Vou citar agora as fases da drogadição (escravidão das drogas)

Minha fase primária eu a chamo de “Mingal”

Aos 14 anos comecei a trabalhar no Banco do Brasil, meu primeiro emprego, registrado e com uma possível carreira pela frente. Neste mesmo ano foi que conheci aquilo que iria marcar a minha vida de uma forma terrível e inesquecível, algo que mexeria diretamente com o que Deus proporcionou à todo ser humano de uma maneira maravilhosa, natural e satisfatória, o prazer, mas para nós, dependentes químicos e alcoólicos, a insatisfação seria interminável.

Aos domingos, tinha um bailinho chamado Mingal, das 17h00 as 00h00, eu era muito tímido e tinha vergonha de tirar as meninas para dançar. Um dos caras que estava comigo me disse: – Você precisa se soltar um pouco, relaxar! Toma um desses aqui que você vai ficar legal, chama “Porradinha” mistura pinga com soda limonada, dá um chacoalhada e toma.

Pois bem, assim eu fiz, e tive uma sensação que jamais esqueceria em toda a minha vida. Pois estava pondo em ação a minha adicção, revelando assim a minha predisposição para o uso de entorpecentes. Ou seja estava pondo em prática a fase um, experimentando minha primeira dose de algo que entraria em meu organismo e me proporcionaria aquilo que chamo de  deturpação do prazer. Prazer esse que é algo que Deus nos deu tão precioso e natural, e agora eu vou precisar fabricá-lo para que com minhas próprias mãos eu entre em um auto engano que quando perceber, já é tarde demais. A fase dois começa à partir da segunda dose, isso quer dizer que “Sou Adicto”, e esse é nosso próximo artigo.

[dzs_videogallery id=”videos-libertos”]