Meu nome é Sandra e eu tenho 36 anos e sou casada com o Reginaldo há 20 anos. Temos dois filhos. O Reginaldo é ex-usuário de cocaína. Eu conheci ele através do meu irmão e o tempo foi passando, a gente ficando e eu engravidei e fomos morar juntos. Depois eu descobri que ele era usuário. Com o tempo começamos a frequentar a igreja, só que como ele não tinha estava disposto a mudar ele se escondia atrás da igreja na verdade. Ele continuava a usar drogas.

Passado um tempo ele começou a trabalhar um restaurante e lá começou a ficar um pouco pior porque eram uns horários diferenciados e ele tinha a oportunidade de sair de casa de madrugada e sem ninguém na rua e ele aproveitava pra ir para as ‘biqueiras’. Só que depois de um tempo, ele mesmo não queria continuar fazendo o uso das drogas e ele começou a tomar álcool junto com o suco pra ele poder se sentir saciado como se estivesse usando a droga. Um dia ele não aguentou e acabou pedindo socorro.

Eu não sabia, mas como de costume ia buscar ele no trabalho, um pouco antes do horário eu estava lá na frente da firma esperando. Ele veio na direção do carro e disse que não ia pra casa. Ele disse que queria se internar. De raiva, eu liguei o carro e acelerei, só que eu tava tão nervosa que o carro morreu. A minha intenção era atropelar ele. Pensei:
– Se ele não vai comigo ora casa, não vai a lugar nenhum
Tudo porque ele não me falou aonde ele ia.

Eu me acalmei e vi meu cunhado esperando ele. Ele entrou no carro e foram para se encontrar com o Vicente. Foi quando o Vicente conversou com ele e foi internado em Santa Isabel. Naquele dia não tinha caído a ficha de que ele realmente precisava se internar. Eu arrumei as coisas dele e ele foi. Depois de uns 15 dias fui visitar, quando o vi, com o cabelo cortado de uma forma diferente, fiquei assustada, porque não era estilo raspar em baixo e deixar só em cima. Vi que realmente ele estava precisando de ajuda e que precisava ficar lá. Conversamos bem rápido mesmo. A partir daquele dia começou a nossa grande luta.

Como ele não recebeu o auxílio, por conta disso ele deixou a clínica depois de 3 meses para não dar abandono de emprego. Em Novembro daquele ano ele recaiu. Alguém da igreja o viu comprando drogas durante o dia. Eles foram em casa para conversar e ele negou dizendo que não era ele. Depois de algum tempo de conversa, ele viu que não tinha mais jeito e ele admitiu. Nós nos juntamos, eu e os amigos e irmãos, e todos falaram o que era necessário. Eu falei tudo o que sentia, tudo o que tinha pra falar e tinha vontade de fazer. Aquela foi a última vez que ele usou drogas.

O Vicente e a esposa são pessoas maravilhosas em nossas vidas. Posso ficar o dia inteiro falando sobre eles e ainda vai ter o que falar. Agradeço pela oportunidade e pelo meu marido. Agora ele quer ajudar as pessoas. Hoje ele me dá forças, porque quando perco as esperanças em alguém, ele lembra que se ele conseguiu ficar limpo, outros podem conseguir também. Ele me dá ânimo de que tem jeito, sim.

Meu marido mudou e quis fazer diferente e está fazendo diferente até hoje. Claro que ainda não consigo confiar nele 100%, mas já consegui melhorar bastante, é um processo. Ele está firme até hoje, há quase 4 anos. E nós dois juntos ajudamos outros.