Olá, meu nome é Vicente Paulo Barbosa, eu sou marido da Patrícia e pai da Bruna, do Felipe e da Giovana. Sou Assistente Social, Técnico em recuperação de vidas de dependentes químicos e alcoólicos e agora começamos este trabalho para servir o maior número de pessoas.

Estou aqui para falar algo muito importante com vocês. O tema desta publicação é o mingau. Vocês vão entender muito bem o que é esse mingau e, especificamente, nós vamos falar sobre predisposição para o uso do entorpecente como tudo pode começar e por que eu digo tanto para os jovens: “não experimente pois pode ser que você goste“.

A ideia é que a predisposição não pode atingir as pessoas. Tem crianças nascendo nos hospitais hoje que têm predisposição para o uso de algum entorpecente e só vão descobrir quando tomarem aquele primeiro entorpecente, quando elas usufruírem daquilo e aí elas vão ver que são pré dispostas àquilo. Quando entrar no organismo delas. Foi isso que aconteceu comigo

Faz 11 anos que eu trabalho com recuperação e, após esses 11 anos, a gente decidiu e fazer esse site. Este esforço para ajudar as pessoas de longe e não pessoas que só estão presentes conosco.

Bem, quando eu era pequeno, fazia parte de uma boa e exemplar família. Eu era muito bem cuidando. Aos 14 anos de idade eu já trabalhava como auxiliar de serviços gerais do Banco do Brasil. Naquela época os jovens da minha idade iam no famoso ‘mingau‘ que era no Círculo Operário em que se realizava um bailinho de domingo das 5 da tarde à meia noite.

Eu era muito tímido, tinha vergonha de tirar as meninas pra dançar. Um colega me ofereceu pinga com soda limonada e e a gente bebeu. Aquilo era chamado de ‘porradinha’. Seria um soquinho na gente, e aquilo realmente fez a diferença, porque aquilo me deu tanto prazer e realmente me deu um soquinho, isto é, me impulsionou e eu nunca mais senti o prazer que eu senti naquele dia que eu tomei aquela soda com álcool. Lá naquele dia estava começando a minha vida de drogadição, porque álcool é drogas e aquilo entrou no meu organismo me deixou muito feliz e tive coragem de tirar as meninas pra dançar. Aquela felicidade foi minha grande tristeza por mais de 20 anos.

Na semana seguinte eu já estava experimentando a maconha e, após alguns anos, já estava experimentando a cocaína e depois disso foi sempre um entorpecente atrás do outro, experimentando, experimentando. Experimentei de tudo como inalantes, lança perfumes e e aí a minha vida de drogadição foi essa. Até chegar ao crack que tem um poder viciante de mais de 90%, isto é, usou uma vez, já viciou.

O tempo foi passando e as coisas foram acontecendo e tudo começou naquele dia aos 14 anos de idade quando eu comecei a dar trabalho pra minha família e queria ficar mais fora de casa do que dentro. O tempo continuou passando, passando que eu nem vi, pois vivi entorpecido por muitos anos.

A minha família e eu morávamos em Campos do Jordão e nessa época minha família ficou desesperada sem saber o que fazer. Quando eu fui para o quartel, acharam que tudo ia dar certo porque eu ia voltar um novo homem. Isso não aconteceu! Porque no quartel também eu continua usando a droga e a minha vida agora era de um drogado. De um escravo da droga.

Certo dia eu conheci a Patrícia eu fui pra praia passar uma temporada. Trabalhando lá com bugs de autocross. Ela era da igreja de Cristo e me apresentou Jesus como Salvador. Resumindo… a partir desse momento veio o casamento e a nossa primeira filha. Houve três anos de recuperação plena, três anos limpo, só que nós estamos lidando com drogas, nós estamos brigando com dependência química e alcoólica. Uma doença física, mental e espiritual.

Depois desses três anos limpo eu trabalhava já em São Paulo e um office boy da agência de turismo onde eu trabalhava  me ofereceu maconha. Ele me disse: “Você tem uma cara de louco”. Ele poderia ter sido despedido por isso, mas foi naquele dia, depois de três anos limpo, que eu tive uma recaída com a maconha. Foi um dia fatídico e, a partir daí, a prova voltou pra minha vida. Essa tinha sido minha primeira recaída depois de um tempo grande limpo por ter conhecido a Patrícia, Jesus e ter uma filha. Recaída é o assunto que nós vamos falar numa próxima oportunidade

Tudo começou aos 14 anos quando eu experimentei e gostei. Com a recaída, foi então que a dor voltou pra minha vida…