Meu nome é Giuliana tenho 27 anos eu vou falar um pouquinho da minha experiência com o Vicente.

Eu conheci o trabalho do que através do Vicente da seguinte forma: Eu ainda  não conhecia o Vicente ainda e sabia do trabalho dele, isto é, já tinha ouvido falar, mas não conhecia ele ainda.

Ele deu uma palestra na Igreja de Embu onde eu congregava e no dia eu não estava, mas minha mãe estava e ela comentou um pouco do trabalho e eu fiquei curiosa para conhecer o Vicente. Eu fui visitar o trabalho dele em Osasco e no dia tinha pessoas de Itaquera que tinha ido levar algumas doações e o Vicente estava apresentando o trabalho e eu acabei ouvindo o que ele estava falando. Naquele dia conheci um pouquinho do trabalho e com tempo fui tendo mais contato com Vicente. E aí ele me convidou para participar de “Um Dia Feliz”. Era um dia quando ele ia oferecer almoço e um banho para moradores de rua e ele me fez esse convite.

Eu, na minha cabeça, pensei: “vou por curiosidade, para ver como é, mas eu não tenho dom para isso”. Confesso que na minha cabeça eu pensei dessa forma, né. Era o que eu pensava, mas Deus tinha outros planos para mim e eu lembro de chegar quieta e dar um oi para ele sem saber o que fazer.

Tinha uma fila para o banho comecei a separar as roupas e dar para as pessoas conforme tamanho. Me senti muito útil com aquele simples gesto porque eu ouvi vários “muito obrigado” e “Deus te abençoe”. Muitos não falar nada, mas me olharem com aquele de olhar de agradecimento e logo eu já estava conversando com eles. Alguns começaram a falar da vida deles e eu saí de lá já com a certeza de que eu iria voltar e assim eu voltei por muitas terças-feiras.

Logo fui criando intimidade com eles. Logo eles começaram a se abrir e contar as histórias de como eles chegaram àquela situação, como era a vida deles antes e, era muito triste ouvir algumas histórias. Eu lembro que um dia morador de rua chamado Douglas, ele mal queria falar nome dele quando ele chegou, mas depois ele me contou a história dele. Era uma história muito pesada. Ele tinha que saído da cadeia há pouco tempo e contou que entrou no mundo do crime com 12 anos de idade. Eu fiquei muito chocada, mas não com medo dele. Eu olhava para ele eu senti um desejo muito grande de tirar ele daquela vida porque em várias partes da história ele me dizia: “eu não quero mais isso para mim, eu não quero mais isso para mim”. R eu vi aqui ele estiva preso naquele mundo. Só ouvi ele e no final eu estava chorando. Ele passou a mão nos meus olhos para secar minhas lágrimas, as mãos toda machucada e ele falou assim: “muito obrigado por ouvir isso”. Ele só queria ser ouvido naquele momento. Vi como com poucas coisas e poderia deixar eles felizes.

Com o tempo eu já  me via dando bronca neles com a intimidade que eu fui pegando eles. Quando começaram a querer brigar eu tinha que falar um pouco mais alto e eu conseguindo ter um certo respeito deles.

Um dia teve um senhor que chegou com os pés muito debilitados, cheio de rachaduras e as unhas estavam gigantes. O Vicente lavou os pés daquele homem e era nítido a alegria dele. Dava pra ver no rosto dele se perguntando: “mas por que esse homem está lavando os meus pés?” E era nítido alegria nos olhos e eu pensava: “como é bom ajudar os outros”. É prazeroso você conseguir ver no olhar de outra pessoa que ela estava feliz por um ato seu. Uma lágrima de alegria no olhar de quem só sente desprezo.

Era engraçado porque às vezes eu descia do ônibus ou do trem e encontrava alguns deles na rua. Eles corriam para me dar oi e aí me apresentavam a outros moradores de rua dizendo: “essa minha amiga Giuliana”. Eles ficavam muito felizes porque eu via que eles tinham afeto por mim e uma gratidão. Eles achavam que eu fazia muito por eles. Com o tempo eu percebi que eu não estava ajudando eles, eles estavam me ajudando. Percebi que saía de lá uma pessoa melhor, mais grata, uma pessoa alimentada espiritualmente. Eu ouvi muitas histórias, abracei e chorei muitas vezes.

Algumas pessoas a minha volta me questionavam: “E aí, quantas pessoas você já resgataram das ruas?”. Eu nunca fiz esse trabalho com a intenção de retorno. Lógico que se a gente conseguisse resgatar era uma vida, mas a minha resposta sempre foi: “a minha parte eu sempre fiz. Eu plantei a semente no coração de cada um e lhe mostrei o amor. Deus é quem vai fazer a semente germinar”.

Eu posso te dizer assim com toda a certeza que o trabalho com o Vicente foi algo que me aproximou muito de Deus. Amadureceu a minha fé de uma forma gigante. Eu tive experiências que me fizeram sentir usada por Deus.

Eu me lembro o dia que a gente saiu de madrugada para entregar marmita e eu encontrei um senhor debaixo de um saco de lixo. Ele estava todo sujo, tinha urinando e cheirava muito mal. Quando ele acordou, mal conseguia levantar de tão debilitado que estava para pegar a marmita. Entreguei e ele disse: “Fiquei o dia inteiro pedindo a Deus para enviar um anjo trazer comida para eu hoje”. Aquelas palavras tiveram Impacto muito grande da minha vida. Eu tinha sido um anjo… fui levar comida para ele porque ele pediu para Deus. Me senti usada por Deus. Deus estava ali naquele momento. Eu chorava muito e fiquei chorando por algum tempo.

Quantas vezes a nossa vida assim a gente consegue se sentir usado dessa forma? Hoje eu não tenho disponibilidade de horário de tempo para participar, mas agradeço muito a Deus. Naquele tempo estava desempregada e tinha disponibilidade. Foi um período da minha vida para olhar com o olhar de Cristo. Hoje eu posso fazer alguém feliz por mais que eu não tenha mais tempo de estar presente e poder fazer toda terça-feira eu consigo fazer alguém feliz por minutos. Esses dias aconteceu algo comigo. Eu trabalho no lugar onde tem muito morador de rua e sempre que eu passo fico com coração muito apertado e, às vezes, eu passo e eles estão revirando o lixo, outros estão dormindo numa calçada fria e um dia eu vi um revirando lixo procurando algo para comer e eu tava com minha marmita na mão e dei minha marmita. Naquele momento eu fiz uma pessoa feliz com um simples gesto e eu me fiz realizada também pelo fato de poder ter me sentido útil. Eu não sei quem é e eu não conheço aquela pessoa, mas naquele momento eu posso dizer que eu fiz o que Deus faria e o Vicente me fez enxergar que eu posso fazer diferença na vida das pessoas com poucas coisas. O Vicente me ajudou até uma maturidade espiritual. Me ajudou de várias formas.

Você também pode ajudar, talvez seja com seu tempo, talvez seja com questão financeira, talvez seja com outro tipo de ajuda. pensa que com um ato pequeno você pode ajudar um lar será restaurado, uma alma ser salva, que pessoas escravas de um vício podem ter oportunidade de ter suas vidas de volta. Talvez você não saiba lidar com isso, mas tem alguém que sabe lidar com isso e que pode fazer o trabalho e, que você não pense que você está apenas ajudando uma pessoa, você também está se ajudando, porque o trabalho do Vicente não só restaura lares de pessoas que são dependentes, mas ele também faz a gente crescer espiritualmente e faz a gente sentir Deus mais perto,